O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Henrique Corinto, esteve este fim de semana em Brasileia, a pedido do governador Tião Viana, para fazer um reconhecimento das condições dos refugiados e anunciar as primeiras medidas que serão tomadas pelo governo do Estado e governo federal.
Não se sabe precisamente, mas a estimativa é a de que pelo menos 180 haitianos estejam no Acre. Além da devastação causada pelo terremoto em janeiro do ano passado, que vitimou cerca de 200 mil pessoas e deixou outras 300 mil feridas, o Haiti enfrenta uma grave epidemia de cólera. Mais de mil pessoas morreram em decorrência da doença e outras 15 mil já foram hospitalizadas pelo surto, que atinge metade das províncias do país.
Toda essa tragédia criou uma nova rota de imigração ilegal de moradores da ilha caribenha para o Brasil. Os imigrantes deixam Porto Príncipe, a capital haitiana, de navios e atravessam o Mar do Caribe até chegarem ao Panamá. De lá, seguem para o Equador e depois para o Peru. Dos portos de Lima, os grupos seguem de ônibus, táxis e até mesmo a pé pela Rodovia Transoceânica rumo ao Brasil.
Pela lei brasileira, os haitianos deveriam ser deportados, a partir do momento em que entraram ilegalmente no país. No entanto, a medida não será adotada por se tratar de uma questão de ajuda humanitária, disse Henrique Corinto. Segundo ele, o problema já foi relatado ao Ministério da Justiça e ao Ministério das Relações Exteriores.
Depois de uma reunião com a prefeita de Brasileia, Leila Galvão, ficou acertado que os haitianos vão receber do governo do Acre assistência médica e alimentar, além de abrigo, nesse primeiro momento. Um cadastro com as informações básicas sobre cada um dos refugiados também será realizado. A Polícia Federal será a responsável pela emissão de documentos como CPF e RG. A medida garante que os haitianos possam circular livremente pelo território nacional, já que muitos demonstram interesse em procurar trabalho em outras regiões do Brasil.
O primeiro grupo de refugiados chegou a Brasileia no dia 2 de dezembro do ano passado e a previsão é de que outros ainda venham para o Brasil pela mesma rota. A maior parte dos haitianos que estão em Brasileia é de jovens entre 20 e 30 anos, estudantes, considerados a elite do país.
A viagem ao Brasil chega a custar até mil dólares. O dinheiro muitas vezes é conseguido com a ajuda dos parentes, na esperança de que os refugiados consigam trabalho e depois possam financiar a vinda deles ao Brasil. “Nós estamos no Brasil porque queremos uma vida melhor. No Haiti não tem nada, o terremoto acabou com a vida dos haitianos. É por isso que viemos para cá, para buscar uma vida melhor”, disse Milena Auguste.
Aos 24 anos de idade, Milena foi eleita pelas autoridades uma das três líderes dos refugiados porque fala espanhol, diferentemente da maior parte, que fala apenas o crioulo e o francês, idiomas oficiais do Haiti. Os refugiados estavam abrigados principalmente em uma pousada no centro de Brasileia e também na paróquia da cidade. Agora todos eles serão encaminhados ao ginásio esportivo, onde aguardam as decisões do governo brasileiro.
“O que a gente faz é o mínimo. Gostaria de fazer mais. Os haitianos gostam muito do povo brasileiro, principalmente porque é o Brasil que lidera a força de paz da ONU que está no Haiti”, disse o vigário de Brasileia Rutemarque Crispim.
http://www.agencia.ac.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=14648&Itemid=26
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