sábado, 13 de junho de 2009

Brasiléia completa 100 anos em 2010

Brasiléia completa 100 anos em 2010

Edmilson Ferreira
16-Mar-2009
Prefeitura quer festa do centenário em alto estilo, com obras que elevam a qualidade de vida e embelezam a cidade, como o Parque Ambiental
Brasília, como era chamada Brasileia, foi fundada em 3 de julho de 1910, numa região que, dizem os historiadores, eram as terras dos índios catianas e maitenecas, no Seringal Carmem, quando o Acre já era território do Brasil. A pequena vila foi crescendo, tormou forma de cidade e atualmente se prepara para comemorar os 100 anos de criação em 2010.

Brasileia completa 100 anos em 2010 e ganha parque ambiental (Foto: Sérgio Vale/Secom)
A festa do centenário, segundo pretende a prefeita Leila Galvão, será em alto estilo. Leila quer atuar para que obras que se transformarão no cartão de visitas da cidade, como o Parque Ambiental, estejam prontas naquela data. O espaço de mais de 10 hectares será construído em uma área conhecida como Igapó do Kayrala/Bacurim. Autorizada pelo governador Binho Marques, a obra tem custo de R$ 3,9 milhões e contará com escritório de administração, sombreiros, ponte de madeira, bancos de madeira, bicicletários, cerca de 20 mil metros quadrados de placas de grama, plantas arbustivas variadas, palmeiras, árvores sombreadoras, pórtico de entrada e playground.
Brasileia, segundo a história, "foi criada por homens da classe dominante da sociedade acreana da época, seringalistas e autoridades constituídas, que habitavam no Alto Acre, vinculados à exportação de borracha para Belém e Manaus. No Seringal Carmem foi escolhida uma área para instalação da Justiça do 3º Termo Judiciário da Comarca de Xapuri e do Juiz Fulgêncio de Paiva. Foi assentada à margem esquerda do rio Acre, de frente à cidade boliviana de Cobija, onde moravam a maioria dos brasileiros que a fundaram no dia 3 de julho de 1910, data em que braços de seringueiros, sob as ordens dos doutores seringalistas, derrubaram as primeiras árvores no local em que hoje está situada a cidade no formato atual".

Fundado em 3 de julho de 2010, o município foi assentado à margem esquerda do rio Acre, de frente para a cidade boliviana de Cobija (Foto: Sérgio Vale/Secom)
A Prefeitura atua de forma sistemática para incrementar o turismo, atividade que não para de crescer por conta, principalmente, do advento da Estrada do Pacífico. Brasileia é caminho natural para o Peru e faz fronteira direta com a Bolívia. Do outro lado da cidade está Cobija, capital do departamento boliviano do Pando e uma zona franca onde os turistas podem encontrar produtos a preços competitivos. Os números são animadores e mostram que o fluxo de pessoas que passam algum tempo na cidade a passeio ou a trabalho é cada vez maior. "O turismo é uma atividade que incentivamos em nosso município", disse a prefeita.
A FUNDAÇÃO DE BRASILÉIA, ACRE
Tudo começou com um incidente que resultou na expulsão do juiz e do escrivão da comarca de Xapuri. Sem sede, a comarca foi transferida para um "jamaxi" e de lá perambulou pelos seringais do rio Acre até encontrar guarida em Cobija...Breve relato extraído de um documento da Biblioteca do IBGE:Sobre a fundação da cidade, conta-se que a idéia surgiu em conseqüência de um incidente ocorrido entre o juiz do 3.° termo judiciário da Comarca de Xapuri, sediado no seringal Nazaré, Fulgêncio de Paiva, e o arrendatário do mesmo seringal, João Pereira de Pinho.
O juiz protestou contra os alojamentos que lhe ofereceram, considerando-os indignos do judiciário. Desse desentendimento resultou a expulsão do juiz e do escrivão que não obtendo acolhimento em outros seringais dirigiram-se a Cobija, cidade fronteiriça boliviana, onde foram hospedados por patrícios ali residentes.Comarca sem sede andava em um "jamaxi"Conduzindo às costas todo o material e arquivo do juizado, os dois funcionários causaram hilaridade às pessoas que os viram atravessar as ruas da cidade boliviana. Dizia-se em satírico dito da região que a justiça do 3.° Termo andava num "jamaxi", de seringal em seringal, esmolando hospedagem.
Vários brasileiros residentes em Cobija, feridos no seu amor pátrio não puderam ficar indiferentes a esse acontecimento e reuniram-se na residência de José Cordeiro Barbosa e concordaram em conseguir uma instalação condigna e apropriada para a justiça.Organizou-se, então, uma comissão integrada por Luís Barreto Correia de Menezes, Reinaldo Melo, José Cordeiro Barbosa e Fulgêncio de Paiva, com o fim de adquirir o local para fundação de uma vila onde se construiria um prédio destinado à instalação desejada.
Finalmente, apesar de não encontrarem a mínima boa vontade por parte dos proprietários dos seringais, escolheram uma faixa de terra do seringal Carmem, defronte de Cobija, à margem esquerda do rio Acre.A idéia foi propalada entre os brasileiros que mourejavam às margens do rio, acima de Cobija e nesta residentes, apelando para o concurso pessoal e financeiro de cada um. Ultimados os preparativos no domingo de 3 de julho de 1910, às 7 horas, cerca de 100 pessoas, entre homens e mulheres, deram início à derrubada da mata sob ardoroso entusiasmo.Às 17 horas foram suspensos e dados por concluídos os trabalhos, constatando-se o desflorestamento de um hectare de área. Após o trabalho de derrubada e limpeza do terreno, tendo a comissão arrecadado a importância de vinte e dois contos de réis, teve início a construção de um amplo prédio, que se chamaria "Palácio da Justiça". Neste local surgiria Brasília, popularmente Brasília e atual Brasiléia.Decorridos seis meses, quando as obras já se encontravam em acabamento, aparece, inopinadamente, o gerente do seringal Carmem, João Gomes Teixeira, à frente da marinhagem do navio "Braga Sobrinho", e ataca a indefesa vila, destruindo totalmente o prédio. Em conseqüência, instalouse rigoroso inquérito, ficando a firma insurgente obrigada a doar a área em questão.
Em 30 de maio de 1911, foi realizada a doação, por escritura pública, em Rio Branco. Nesse mesmo ano, por determinação do Prefeito do Departamento do Alto Acre, Deocleciano Coelho de Souza, verificou-se o levantamento da planta-projeto da novel vila e, no ano seguinte, foram nomeadas as primeiras autoridades.Fonte: biblioteca do IBGE, Monografia 334, 1966 Publicado por Evandro Ferreira

Lista de governadores do Acre

Estado Independente do Acre
Nome
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_governadores_do_Acre


início do mandato
fim do mandato
Luis Gálvez Rodríguez de Arias
14 de julho de 1899
1 de janeiro de 1900
Antônio de Sousa Braga
1 de janeiro de 1900
30 de janeiro de 1900
Luis Gálvez Rodríguez de Arias
30 de janeiro de 1900
15 de março de 1900
Joaquim Vítor da Silva
15 de março de 1900
25 de abril de 1900
reincorporção à
Bolívia
25 de abril de 1900
7 de agosto de 1902
José Plácido de Castro
7 de agosto de 1902
25 de fevereiro de 1904

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Território Federal do Acre

Até 1921 o território estava dividido em quatro departamentos (Alto Acre, Alto Purus, Alto Juruá e Alto Tarauaca) que eram chefiados por prefeitos nomeados pela presidência da República. Somente a partir de 1921 é que o território passa a ter um governo centralizado, com mandatário também nomeados pelo governo da União.

Nome
início do mandato
fim do mandato
1
Epaminondas Jácome
1 de janeiro de 1921
22 de junho de 1922
2
José da Cunha Vasconcelos
17 de fevereiro de 1923
19 de maio de 1926
3
Alberto Augusto O. Diniz
26 de maio de 1926
16 de dezembro de 1926
4
Hugo Ribeiro Carneiro
15 de junho de 1927
3 de dezembro de 1930
5
Francisco de Paula Assis Vasconcelos
8 de dezembro de 1930
20 de setembro de 1934
6
José Maria Brandão Castelo Branco Sobrinho
21 de setembro de 1934
10 de fevereiro de 1935
7
Manuel Martiniano Prado
14 de abril de 1935
10 de fevereiro de 1937
8
Epaminondas de Oliveira Martins
15 de março de 1937
30 de agosto de 1941
9
Oscar Passos
30 de agosto de 1941
22 de agosto de 1942
10
Luís Silvestre Gomes Coelho
25 de outubro de 1942
22 de fevereiro de 1950
11
José Guiomard dos Santos
22 de fevereiro de 1950
30 de junho de 1950
12
Raimundo Pinheiro Filho
1 de julho de 1950
30 de janeiro de 1951
13
João Rubitschel de Figueiredo
30 de janeiro de 1951
21 de maio de 1951
14
Amílcar Dutra de Menezes
21 de maio de 1951
2 de janeiro de 1952
15
Abel Pinheiro Maciel Filho
21 de maio de 1953
10 de agosto de 1954
16
Francisco d'Oliveira Conde
10 de setembro de 1954
2 de março de 1955
17
Paulo Francisco Torres
2 de março de 1955
4 de abril de 1956
18
Valério Caldas de Magalhães
4 de abril de 1956
10 de novembro de 1958
19
Manuel Fontenele de Castro
10 de novembro de 1958
18 de março de 1961
20
José Altino Machado
18 de março de 1961
4 de setembro de 1961
21
Osvaldo Pinheiro de Lima
4 de setembro de 1961
29 de outubro de 1961
22
José Rui da Silveira Lino
29 de outubro de 1961
4 de junho de 1962

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Governo do Estado do Acre

Nome
início do mandato
fim do mandato
1
Aníbal Miranda Ferreira da Silva
15 de junho de 1962
1 de março de 1963
2
José Augusto de Araújo
1 de março de 1963
25 de março de 1963
3
Edgard Pereira de Cerqueira Filho
25 de março de 1963
12 de setembro de 1966
4
Jorge Kalume
19 de setembro de 1966
15 de março de 1971
5
Francisco Wanderley Dantas
15 de março de 1971
15 de março de 1975
6
Geraldo Gurgel de Mesquita
15 de março de 1975
15 de março de 1979
7
Joaquim Falcão Macedo
15 de março de 1979
15 de março de 1983
8
Nabor Teles da Rocha Júnior
15 de março de 1983
14 de maio de 1986
9
Iolanda Lima Fleming
15 de maio de 1986
15 de março de 1987
10
Flaviano Flávio Baptista de Melo
15 de março de 1987
de março de 1989
11
Édison Simão Cadaxo
2 de março de 1989
15 de março de 1991
12
Edmundo Pinto de Almeida Neto
15 de março de 1991
17 de maio de 1992
13
Romildo Magalhães da Silva
17 de maio de 1992
1 de janeiro de 1995
14
Orleir Messias Cameli
1 de janeiro de 1995
1 de janeiro de 1999
15
Jorge Viana
1 de janeiro de 1999
1 de janeiro de 2007
16
Binho Marques
1 de janeiro de 2007
atualidade
referencia bibliografica
http://www.historiadoacre.globolog.com.br/archive_2007_02_23_24.html?postId=269384

2007 Fatos do presente e preocupação com o futuro



Floresta amazônica incendiando. Acervo: Depto. de Patrimônio Histórico – FEM. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas.
Os ideais de consciência ecológica, ética e desenvolvimento com preservação ainda esbarram muitas vezes nas heranças dessa história tão conflituosa. De acordo com estatísticas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a taxa de desmatamento de toda a Amazônia, a partir de 2001, é de cerca de 20 mil km2 por ano. A área alterada do Acre é de aproximadamente 10% de sua superfície.Tailândia e Indonésia são atualmente os maiores produtores de borracha, respondendo por 27% e 29% do total mundial, respectivamente. Já o Brasil, que um dia foi o único grande produtor dessa matéria-prima, hoje responde por apenas 1% da produção mundial. O país não consegue sequer suprir as necessidades de seu mercado interno, tendo de recorrer a importações. Cada vez mais, intensifica-se a busca por soluções que conjuguem preservação da Amazônia, exploração inteligente de seus recursos naturais e sustentação dos povos tradicionais da floresta. Um modelo que tem dado certo é o das reservas extrativistas. O desenvolvimento sustentável promovido nessas áreas protegidas se consolida como um forte exemplo de que os ideais de Chico Mendes continuam de pé.

2005 Novas leis ambientais



Novas leis ambientais




Década de 1990. Foto de J. Diaz. Acervo: Depto. de Patrimônio Histórico – FEM.


Com a criação da Lei Florestal, da Lei de Concessões Florestais e da Lei de Incentivo às Indústrias, as atividades econômicas passam a ter regras que, ao menos no papel, atendem à realidade acreana. Tais ações estão associadas a mudanças profundas na educação e nas políticas de inclusão social. A senadora Marina Silva, antiga companheira de luta de Chico Mendes, é nomeada ministra do Meio Ambiente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

1997 Ecos da luta de Chico Mendes



Ecos da luta de Chico Mendes


João Monteiro defumando borracha. Xapuri-AC. Acervo: Patrimônio Histórico e Cultural – FEM. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas.
Depois da formação da Aliança dos Povos da Floresta em 1989, o movimento dos seringueiros dá continuidade aos ideais de Chico Mendes e consegue uma grande vitória: são criadas as três primeiras reservas extrativistas, que se tornam um modelo de reforma agrária a ser aplicado para os povos da floresta.A repercussão do assassinato de Chico Mendes diminui o ritmo do desmatamento da Amazônia, mas não o interrompe. Um consolo é que, nos anos seguintes, a política acreana de desenvolvimento sustentável passa a valorizar as populações tradicionais e a considerar a floresta como a principal riqueza de seu povo. Aos poucos, temas como biodiversidade, manejo de uso múltiplo e união dos povos indígenas passam a fazer parte da agenda de governo.

1988/1990 Chico Mendes é assassinado



Chico Mendes é assassinado




Dezembro de 1988. Xapuri-AC. Acervo: Comissão Pastoral da Terra. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas. Cortesia: Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour.
Em 22 de dezembro, depois de percorrer várias regiões do Brasil, participando de seminários, palestras e congressos, Chico Mendes é assassinado no quintal de sua casa, deixando mulher e três filhos. A comoção mundial decorrente de sua morte cria uma enorme pressão sobre os organismos financeiros internacionais, que se vêem obrigados a repensar os investimentos na Amazônia e, especialmente, no Acre. A imprensa estrangeira noticia o crime e suas conseqüências com ampla cobertura. A opinião pública brasileira só se interessa pelo assunto depois.

1988 Premiação nos EUA, perseguição no Brasil



Premiação nos EUA, perseguição no Brasil




Chico Mendes recebendo o prêmio Sociedade Para um Mundo Melhor, em Washington-DC, EUA. 21-09-1987. Acervo: Fundação Chico Mendes. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas. Cortesia: Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour.
Com a atenção do movimento ambientalista internacional, Chico Mendes viaja para os EUA, onde é premiado por defender os povos da floresta. Lá, ele denuncia as políticas de desenvolvimento financiadas pelos bancos internacionais, que ameaçam índios e seringueiros ao desrespeitar as leis ambientais, destruindo suas terras e seus modos de vida. Quando Chico volta ao Brasil, fazendeiros e políticos o acusam de prejudicar o progresso do Acre, sobretudo depois que o Banco Interamericano de Desenvolvimento suspende o financiamento da estrada Porto Velho-Rio Branco.

1985 Pela união dos povos da floresta



Pela união dos povos da floresta




Chico Mendes e Lucélia Santos em reunião com o governador Flaviano Melo, no Palácio Rio Branco. Década de 1980. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas. Cortesia: Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour.
Acusado de incitar posseiros à violência e levado a julgamento no Tribunal Militar de Manaus, Chico Mendes se livra pela terceira vez da prisão preventiva. A criação do Conselho Nacional dos Seringueiros, do qual ele é a principal referência, gera repercussão nacional e internacional. A proposta de “união dos povos da floresta” busca unir índios e seringueiros em defesa da Amazônia. A idéia é que as reservas extrativistas preservem as áreas indígenas e garantam a reforma agrária desejada pelos seringueiros.

1980 A escalada da violência



A escalada da violência


Carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, pertencente a Wilson Pinheiro. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas. Cortesia: Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour.
Em julho, é assassinado Wilson Pinheiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Brasiléia. O crime desencadeia o mais grave período de conflitos da região. A revolta diante da morte do líder sindical vira um desejo de vingança. Um fazendeiro é assassinado. Chico Mendes, mesmo não tendo participado da emboscada, vê-se perseguido por pistoleiros durante 60 dias. Ele acabara de participar da fundação do braço acreano do Partido dos Trabalhadores e é um de seus dirigentes. A pedido de fazendeiros, a Polícia Federal submete Chico a duros interrogatórios. Em outubro, ele é enquadrado na Lei de Segurança Nacional.

1975 Chico Mendes e o começo de uma nova luta



Chico Mendes e o começo de uma nova luta


Chico Mendes no seringal Santa Fé, colocação Morada Nova. 1985. Acervo: Fundação Chico Mendes. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas. Cortesia: Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour.
Nos últimos 30 anos, o Acre se transformara num eldorado de grileiros, jagunços, marreteiros e empresários. Eles invadem e devastam as terras de índios, seringueiros, ribeirinhos e colonos em nome de um novo tipo incompreensível de progresso. A floresta, outrora fonte de riqueza, agora é desmatada para a criação extensiva de gado de corte. Famílias que trabalham nos seringais migram para as cidades. Formam-se, assim, os primeiros bairros populares do Acre, onde a miséria e a doença têm campo fértil para se espalhar.As populações tradicionais da floresta precisam desenvolver estratégias de resistência e, em 1975, começam a se organizar. Chico Mendes, filho de seringueiro, funda o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. A partir do ano seguinte, como diretor da entidade, Chico começa a participar ativamente dos “empates”, resistência pacífica em que homens, mulheres e crianças se colocam à frente de tratores e motosserras para impedir a derrubada da mata e preservar seus modos de vida. Em 1979, Chico Mendes assume a presidência da Câmara por alguns meses, transformando-a num foro de debates entre lideranças sindicais e religiosas. Sob acusação de subversão, Chico sofre duros interrogatórios. Em outubro, sob tanta pressão, ele renuncia. O seringueiro chega a ser torturado secretamente em dezembro. Mas não desiste: Chico Mendes segue sua luta ao lado dos seringueiros nos empates.

1962 O Acre se torna estado



O Acre se torna estado


Governador José Augusto de Araújo. 01-03-1963. Acervo: Centro de Documentação e Informação Histórica – CDIH. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas. Cortesia: Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour.


Depois de muitas disputas no Congresso Nacional, é assinada a lei que transforma o Acre em estado. Os acreanos finalmente passam a ter os mesmos direitos de qualquer cidadão brasileiro.Já na primeira oportunidade de decidir soberanamente seus rumos políticos, o povo vai às urnas e elege o jovem acreano José Augusto, do PTB, o primeiro governador constitucional da história do Acre. Mas seu governo democrático duraria pouco mais de um ano, porque, de 1964 a 1982, a ditadura militar deixaria o Acre mais uma vez nas mãos de governantes escolhidos unilateralmente pelo poder central.

1945 Chega ao fim o segundo ciclo da borracha


Chega ao fim o segundo ciclo da borracha


Autonomistas. Cortesia: Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour.


Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os EUA cancelam todos os acordos referentes à produção de borracha amazônica.Estima-se que dos 55 mil trabalhadores nordestinos atraídos pelo segundo ciclo da borracha, entre 15 mil e 20 mil morreram nos seringais ou nas brenhas da floresta. As tentativas de implementar relações de trabalho mais justas e humanas esbarraram nos interesses dos seringalistas. Em pouco menos de cinco anos, o Brasil passa a ter de importar borracha vegetal para suprir sua indústria de artefatos. E os seringais ficam nas mãos de especuladores de terra, cada vez mais atuantes na região.

1942 Os soldados da borracha



Os soldados da borracha




Reserva Extrativista Cachoeira, Xapuri-AC. Acervo: Patrimônio Histórico e Cultural – FEM. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas. Cortesia: Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour.


A Segunda Guerra Mundial provoca o segundo ciclo da borracha na Amazônia. Com a invasão japonesa do Pacífico Sul e da Malásia, a produção da borracha asiática sofre uma queda de 97%. Como essa matéria-prima é fundamental para o material bélico das Forças Aliadas, o presidente Getúlio Vargas faz um acordo de cooperação comercial com o governo norte-americano, o que desencadeia uma grande operação de extração de látex na Amazônia. É a Batalha da Borracha.Cartazes otimistas com o slogan “Borracha para a vitória” mobilizam nordestinos afetados pela seca a se alistarem para trabalhar nos seringais. São necessários cem mil homens para aumentar a produção anual de látex de 18 mil para 45 mil toneladas, como prevêem os Acordos de Washington. Navios abarrotados entregam aos seringalistas da Amazônia cerca de 55 mil trabalhadores nordestinos, que ficam conhecidos como “soldados da borracha”. Por cada um deles, o governo dos EUA paga cem dólares ao governo brasileiro. A economia novamente se fortalece. O dinheiro volta a circular em Manaus e Belém. Contudo, o crescimento da produção de borracha fica muito aquém do esperado.

1912 A crise da borracha



A crise da borracha


Companhia regional em exercício de fogo na cidade de Rio Branco. Fonte: Exploração da Hevea. 1913. Acervo: Edunira Assef. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas. Cortesia: Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour.
De todo o farto dinheiro arrecadado com a exportação da borracha, muito pouco é enviado pelo governo federal para a administração do Acre. E não bastasse a revolta dos acreanos, essa má administração resulta numa grave crise da economia regional.A rodovia Madeira-Mamoré é concluída, mas tarde demais. A Amazônia perde o monopólio de produção da borracha para os seringais plantados pelos ingleses na Malásia, no Ceilão e na África tropical. Com sementes oriundas da própria Amazônia, os concorrentes passam a ter custos e preço final menores, reduzindo o interesse do mundo pela borracha da Amazônia.
A crise econômica gera desemprego e êxodo rural e urbano, deixando sem perspectivas os seringueiros que permanecem no Acre. Sem a renda da extração do látex, muitos trabalhadores dos seringais se instalam na periferia de Manaus, em busca de melhores condições de vida. É o fim do primeiro ciclo da borracha. Enquanto isso, as terras em torno do rio Acre passam a ser chamadas de Rio Branco, em homenagem ao Barão do Rio Branco. A cidade será a capital do Acre a partir de 1920.

1908 Plácido de Castro é assassinado



Plácido de Castro é assassinado





Porto Acre. Exército Boliviano em exercício durante o Período Revolucionário. Fonte: Álbum do Rio Acre, 1906-1907, pág. 75. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas. Cortesia: Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour.


Os conflitos se radicalizam com o assassinato de Plácido de Castro, que havia sido nomeado prefeito do Acre em 1906. Numa emboscada da qual muitos já suspeitavam, Plácido é atingido com dois tiros, à beira do igarapé Distração, no seringal Benfica. A morte do líder da revolução acreana reacende ainda mais o ideal de autonomia dos cidadãos locais. Nos anos seguintes, diversas revoltas autonomistas seriam sufocadas à força pelo governo brasileiro. O movimento só teria impulso mesmo em meados da década de 1950

1904 A luta por um Acre autônomo


A luta por um Acre autônomo


Rio Acre, em frente à confluência com o rio Xapuri. Fonte: FALCÃO, Emílio – “Álbum do Rio Acre”, pg. 152. 1906-1907. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas. Cortesia: Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour.


Com o fim da revolução, surge o movimento autonomista. Os revolucionários querem que o Acre seja um estado autônomo da federação brasileira. Manaus, por outro lado, prefere que o Acre seja incorporado ao Amazonas. Isso é exatamente o que não quer Belém, que teme ficar para trás em importância comercial. O governo, contudo, resolve não atender a ninguém. Contra todas as expectativas, é criado o primeiro território federal da história do Brasil.Ao contrário dos estados, o Acre não pode arrecadar impostos, tornando-se dependente dos repasses orçamentários do governo federal, que são muito inferiores às necessidades locais. Faltam escolas, hospitais e demais estruturas públicas.

De seu gabinete, no Rio de Janeiro, o presidente da República passa a nomear os governantes que administrarão o Acre. Insatisfeitos com isso, uma parcela da população acreana inicia uma nova fase de conflitos.

1903 O Acre passa a ser brasileiro



Mapa com as linhas de fronteiras e território cedido à Bolívia, na Região do Rio Acre (cópia do mapa utilizado nas negociações do Tratado de Petrópolis de 1903). Fonte: Revista Brasileira de Geografia, 1990, pág. 22. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas. Cortesia: Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour.


Em janeiro, os revolucionários vencem os bolivianos em Puerto Alonso, que é rebatizada e passa a se chamar Porto Acre. Plácido de Castro é proclamado novo chefe do Estado Independente do Acre.O governo brasileiro decide se pronunciar e envia tropas ao Acre, comandadas pelo general Olimpio da Silveira, para tomar o poder. Plácido, surpreso com o golpe, não reage. Ele entrega Porto Acre ao Brasil, se recusa a levantar armas contra o Exército brasileiro, evita a guerra civil, dissolve seu próprio exército e vai para o Rio de Janeiro. Mas tamanha é a pressão no Brasil que o governo federal revê sua posição.

O presidente Rodrigues Alves inicia negociações que resultam na assinatura do Tratado de Petrópolis. O ministro brasileiro Barão do Rio Branco convence o governo boliviano a vender o Acre por 2 milhões de libras esterlinas, sendo que o Brasil fica obrigado a construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré. A Bolívia poderia usufruir dessa estrada e também dos rios acreanos. Depois de quatro anos de luta e resistência, o Acre é anexado ao Brasil em novembro de 1903.

1902 Plácido de Castro e sua junta revolucionária


Plácido de Castro aos 28 anos. Fonte: Livro: A Epopéia do Acre Silvio Augusto de Bastos Meira. 2° edição, 1973, pág: 61. Acervo: Liberalino Alves de Souza. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas. Cortesia: Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour.


A opinião pública brasileira se ergue contra o Bolivian Syndicate. Forma-se uma junta revolucionária no seringal Caquetá, liderada pelo ex-militar Plácido de Castro. Financiado pelo Estado do Amazonas e por seringalistas do Acre, ele treina um exército de seringueiros, armados de rifles e facões, para enfrentar o exército formal da Bolívia, equipado com o melhor armamento da época. Começa a fase mais sangrenta da longa revolução.À custa de muito sangue derramado em ambos os lados da luta, Plácido domina o alto e o médio Acre. Só falta conquistar Puerto Alonso, no baixo rio Acre, para consolidar a vitória.

1901 A Bolívia arrenda o Acre


Seringal Sibéria. Fonte: FALCÃO, Emílio – “Álbum do Rio Acre”, pág. 149. 1906-1907. Acervo Digital: Memorial dos Autonomistas. Cortesia: Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour.

Em 11 de julho, é assinado o contrato de arrendamento do Acre entre a Bolívia e o Bolivian Syndicate, grupo de empresários da Inglaterra e dos EUA, representados pela empresa norte-americana Car Whitrig. Pelo prazo de 20 anos, a Bolívia permite que a companhia explore o Acre, com amplas liberdades territoriais, militares, alfandegárias e até fluviais.

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