segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Princípios do Parecer nº 003/2004

ATIVIDADE

Abra um editor de textos em seu computador e responda os seguintes questionamentos baseando-se no Parecer nº 003/2004, do Conselho Nacional de Educação, constante no livro Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-raciais (pág. 229 a 252), disponível na Plataforma.
Ao realizarmos a leitura do Parecer nº 003/2004, do Conselho Nacional de Educação, percebemos a relatora considerar que, para conduzir as ações de implementação do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, os sistemas de ensino, os estabelecimentos e os professores terão como referência três princípios.
Identifique estes princípios no referido Parecer, explicando com suas palavras cada um deles e, se possível, dando exemplos do nosso cotidiano escolar e da nossa realidade.


Nesta parte, o documento enumera princípios que devem reger o sistema de ensino no Brasil.
O primeiro chama-se “consciência política e histórica da diversidade”. Tal princípio, segundo o relatório, “deve conduzir à compreensão da igualdade básica da pessoa humana”, mas também ao entendimento de que “a sociedade é formada por pessoas que pertencem a grupos étnico-raciais distintos”. E acrescenta que “em conjunto”, os grupos étnico-raciais ”constroem, na nação brasileira, a sua história”. Observe-se que não é mais a nação brasileira que constrói a sua história, são os grupos étnico-raciais que constroem os seus histórias no Brasil.
 No entanto acredito que falta um trabalho em conjunto, articulação entre processos educativos escolares, políticas públicas e movimentos sociais, visto que as mudanças éticas, culturais, pedagógicas e políticas nessas relações não se limitam à escola. Porque o que observo na escola na qual trabalho é a falta de mais conhecimento a respeito da temática, e falta de desempenho mesmo, quando o assunto é o racismo, o preconceito.
O segundo princípio chama-se “fortalecimento de identidades e de direitos”. Ele deve propiciar o surgimento de afirmação de identidades, a erradicação de imagens negativas associadas aos negros e o “esclarecimento a respeito de equívocos quanto a uma identidade humana universal”. O leitor pode estar assustado, mas leu direito. Segundo o relatório, há equívocos na ideia de que existe uma “identidade humana universal”.
O terceiro princípio chama-se “ações educativas de combate ao racismo e a discriminação”. Nele se e reclama a participação, “na elaboração de projetos políticos pedagógicos que contemplem a diversidade Movimento Negro, grupos culturais negros e a comunidade onde está localizada a escola étnico-racial”, dos seguintes atores sociais, nesta ordem.
Enfim, o que percebo na maioria das escolas, são projetos por datas comemorativas, como o dia da consciência negra ,no entanto falta aquele compromisso com o dia-a-dia, na qual as atenções deveriam está voltados para as atitudes relacionadas ao preconceito, as questões raciais.


Flaviana Coimbra

O Parecer nº 003/2004

Atividade 1

O Parecer nº 003/2004, do Conselho Nacional de Educação, fala em políticas de reparações, de reconhecimento e valorização, e de ações afirmativas em relação à população afrodescendente.
 Qual o objetivo dessas reparações e o que elas devem oferecer, em termos de educação, a esta população?

O parecer procura oferecer uma resposta, entre outras, na área da educação, à demanda da população afrodescendente, no sentido de políticas de ações afirmativas, isto é, de políticas de reparações, e de reconhecimento e valorização de sua história, cultura, identidade. Trata, ele, de política curricular, fundada em dimensões históricas, sociais, antropológicas oriundas da realidade brasileira, e busca combater o racismo e as discriminações que atingem particularmente os negros. Nesta perspectiva, propõe à divulgação e produção de conhecimentos, a formação de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial - descendentes de africanos, povos indígenas, descendentes de europeus, de asiáticos – para interagirem na construção de uma nação democrática, em que todos, igualmente, tenham seus direitos garantidos e sua identidade valorizada.
A demanda por reparações visa a que o Estado e a sociedade tomem medidas para ressarcir os descendentes de africanos negros, dos danos psicológicos, materiais, sociais, políticos e educacionais sofridos sob o regime escravista, bem como em virtude das políticas explícitas ou tácitas de branqueamento da população, de manutenção de privilégios exclusivos para grupos com poder de governar e de influir na formulação de políticas, no pós-abolição. Visa também a que tais medidas se concretizem em iniciativas de combate ao racismo e a toda sorte de discriminações..
Políticas de reparações voltadas para a educação dos negros devem oferecer garantias a essa população de ingresso, permanência e sucesso na educação escolar, de valorização do patrimônio histórico-cultural afro-brasileiro, de aquisição das competências e dos conhecimentos tidos como indispensáveis para continuidade nos estudos, de condições para alcançar todos os requisitos tendo em vista a conclusão de cada um dos níveis de ensino, bem como para atuar como cidadãos responsáveis e participantes, além de desempenharem com qualificação uma profissão.
A demanda da comunidade afro-brasileira por reconhecimento, valorização e afirmação de direitos, no que diz respeito à educação, passou a ser particularmente apoiada com a promulgação da Lei 10639/2003, que alterou a Lei 9394/1996, estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileiras e africanas.
Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, civis, culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade daquilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem a população brasileira. E isto requer mudança nos discursos, raciocínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas negras. Requer também que se conheça a sua história e cultura apresentadas, explicadas, buscando-se especificamente desconstruir o mito da democracia racial na sociedade brasileira; mito este que difunde a crença de que, se os negros não atingem os mesmos patamares que os não negros, é por falta de competência ou de interesse, desconsiderando as desigualdades seculares que a estrutura social hierárquica cria com prejuízos para os negros.
Reconhecimento requer a adoção de políticas educacionais e de estratégias pedagógicas de valorização da diversidade, a fim de superar a desigualdade étnico-racial presente na educação escolar brasileira, nos diferentes níveis de ensino.
Reconhecer exige que se questionem relações étnico-raciais baseadas em preconceitos que desqualificam os negros e salientam estereótipos depreciativos, palavras e atitudes que, velada ou explicitamente violentas, expressam sentimentos de superioridade em relação aos negros, próprios de uma sociedade hierárquica e desigual.
Reconhecer é também valorizar, divulgar e respeitar os processos históricos de resistência negros desencadeados pelos africanos escravizados no Brasil e por seus descendentes na contemporaneidade, desde as formas individuais até as coletivas.
Reconhecer exige a valorização e respeito às pessoas negras, à sua descendência africana, sua cultura e história. Significa buscar, compreender seus valores e lutas, ser sensível ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificação: apelidos depreciativos, brincadeiras, piadas de mau gosto sugerindo incapacidade, ridicularizando seus traços físicos, a textura de seus cabelos, fazendo pouco das religiões de raiz africana. Implica criar condições para que os estudantes negros não sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele, menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos, não sejam desencorajados de prosseguir estudos, de estudar questões que dizem respeito à comunidade negra.
Reconhecer exige que os estabelecimentos de ensino, frequentados em sua maioria por população negra, contem com instalações e equipamentos sólidos, atualizados, com professores competentes no domínio dos conteúdos de ensino, comprometidos com a educação de negros e brancos, no sentido de que venham a relacionar-se com respeito, sendo capazes de corrigir posturas, atitudes e palavras que impliquem desrespeito e discriminação.
Políticas de reparações e de reconhecimento formarão programas de ações afirmativas, isto é, conjuntos de ações políticas dirigidas à correção de desigualdades raciais e sociais, orientadas para oferta de tratamento diferenciado com vistas a corrigir desvantagens e marginalização criadas e mantidas por estrutura social excludente e discriminatória. Ações afirmativas atendem ao determinado pelo Programa Nacional de Direitos Humanos, bem como a compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, com o objetivo de combate ao racismo e a discriminações, tais como: a Convenção da UNESCO de 1960, direcionada ao combate ao racismo em todas as formas de ensino, bem como a Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Discriminações Correlatas de 2001.
Assim sendo, sistemas de ensino e estabelecimentos de diferentes níveis converterão as demandas dos afro-brasileiros em políticas públicas de Estado ou institucionais, ao tomarem decisões e iniciativas com vistas a reparações, reconhecimento e valorização da história e cultura dos afro-brasileiros, à constituição de programas de ações afirmativas, medidas estas coerentes com um projeto de escola, de educação, de formação de cidadãos que explicitamente se esbocem nas relações pedagógicas cotidianas. Medidas que, convêm, sejam compartilhadas pelos sistemas de ensino, estabelecimentos, processos de formação de professores, comunidade, professores, alunos e seus pais.
Medidas que repudiam como prevê a Constituição Federal em seu Art.3º, IV, o “preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” e reconhecem que todos são portadores de singularidade irredutível e que a formação escolar tem de estar atenta para o desenvolvimento de suas personalidades (Art.208, IV).
O sucesso das políticas públicas de Estado, institucionais e pedagógicas, visando a reparações, reconhecimento e valorização da identidade, da cultura e da história dos negros brasileiros depende necessariamente de condições físicas, materiais, intelectuais e afetivas favoráveis para o ensino e para aprendizagens; em outras palavras, todos os alunos negros e não negros, bem como seus professores, precisam sentir-se valorizados e apoiados. Depende também, de maneira decisiva, da reeducação das relações entre negros e brancos, o que aqui estamos designando como relações étnico-raciais. Depende, ainda, de trabalho conjunto, de  articulação entre processos educativos escolares, políticas públicas, movimentos sociais, visto que as mudanças éticas, culturais, pedagógicas e políticas nas relações étnico-raciais não se limitam à escola.
É importante salientar que tais políticas têm como meta o direito dos negros se reconhecerem na cultura nacional, expressarem visões de mundo próprias, manifestarem com autonomia, individual e coletiva, seus pensamentos. É necessário sublinhar que tais políticas têm, também, como meta o direito dos negros, assim como de todos cidadãos brasileiros, cursarem cada um dos níveis de ensino, em escolas devidamente instaladas e equipadas, orientados por professores qualificados para o ensino das diferentes áreas de conhecimentos; com formação para lidar com as tensas relações produzidas pelo racismo e discriminações, sensíveis e capazes de conduzir a reeducação das relações entre diferentes grupos étnico-raciais, ou seja, entre descendentes de africanos, de europeus, de asiáticos, e povos indígenas. Estas condições materiais das escolas e de formação de professores são indispensáveis para uma educação de qualidade, para todos, assim como o é o reconhecimento e valorização da história, cultura e identidade dos descendentes de africanos.
Destina-se, o parecer, aos administradores dos sistemas de ensino, de mantenedoras de estabelecimentos de ensino, aos estabelecimentos de ensino, seus professores e a todos implicados na elaboração, execução, avaliação de programas de interesse educacional, de planos institucionais, pedagógicos e de ensino. Destina-se, também, às famílias dos estudantes, a eles próprios e a todos os cidadãos comprometidos com a educação dos brasileiros, para nele buscarem orientações, quando pretenderem dialogar com os sistemas de ensino, escolas e educadores, no que diz respeito às relações étnico-raciais, ao reconhecimento e valorização da história e cultura dos afro-brasileiros, à diversidade da nação brasileira, ao igual direito à educação de qualidade, isto é, não apenas direito ao estudo, mas também à formação para a cidadania responsável pela construção de uma sociedade justa e democrática.



Flaviana da Silva Coimbra
Conselho Nacional de Educação, fala em políticas de reparações, de reconhecimento e valorização, e de ações afirmativas em relação à população afrodescendente.

Após injúrias raciais, Grêmio suspende Geral por "tempo indeterminado"


Por 

Após injúrias raciais, Grêmio suspende Geral por "tempo indeterminado"

Porto Alegre

O caso de injúrias raciais envolvendo o goleiro Aranha, na partida entre Grêmio e Santos, na última semana, além dos cânticos fazendo referência à palavra “macaco” oriundos das arquibancadas, na partida deste domingo, diante do Bahia, fizeram com que o clube gaúcho tomasse medidas severas nesta segunda-feira. Em nota oficial, a diretoria comunicou a suspensão da torcida Geral por “tempo indeterminado”. 
Os torcedores da organizada também estão proibidos de utilizar a marca da torcida nas partidas do clube.  A ideia do Conselho de Administração é identificar todos os torcedores e sócios envolvidos no caso. 
Assessor especial da presidência para assuntos de torcida, Lauro Noguez, explicou que os torcedores poderão continuar a frequentar o estádio, desde que não utilizem a marca da torcida.  O representante do clube lamentou cânticos de torcedores localizados na arquibancada norte do estádio. O fato ocorreu durante a partida deste domingo, vencida pelo Grêmio por 1 a 0, quando parte da torcida localizada na arquibancada norte soltou o cântico "Olha a festa, macaco", uma música já tradicional da torcida organizada Geral do Grêmio (assista ao lado).

- Não era o momento de fazer aquilo. A gente sabe que não era jogo contra o Inter, mas macaco, universalmente, se refere à ofensa à raça negra. Como que eles vão cantar justamente ás vésperas do julgamento na quarta-feira? Eles estão suspensos até segunda ordem até que se apure, se identifique pessoas gritando e cantando - explica, ao GloboEsporte.com. 
Torcedores do Grêmio na partida contra o Bahia (Foto: Diego Guichard)Torcedores do Grêmio na partida contra o Bahia (Foto: Diego Guichard)
Segundo Lauro Noguez, o Conselho de Administração recebeu os cânticos da torcida como “provocativos” à atual direção.

- É uma provocação. Com que finalidade eu não sei. Desde que o doutor Fábio Koff assumiu, o Grêmio parou de dar ingresso, dinheiro ou subsidiar ônibus.  Deve ser algum dos motivos da manifestação. Por isso que estão inconformados, ainda mais em época de eleição - opina Noguez.
Confira a nota oficial 
1) Suspender por tempo indeterminado qualquer atividade da torcida organizada denominada Geral do Grêmio;

2) Proibir, por parte da referida torcida, a utilização das marcas de propriedade intelectual do Clube;

3) Identificar possíveis sócios envolvidos no episódio para ultimar medidas administrativas visando a seu desligamento da atividade associativa e da frequência ao estádio, se for o caso;

4) O Clube, diante dos últimos fatos ocorridos em relação ao campo de jogo, estudará, em conjunto com a Arena, formas de evitar que novos incidentes acarretem em multas, perda de mandos de campo e prejuízos à imagem do clube e de sua ordeira torcida.

Aos torcedores, jogadores e funcionários do Grêmio e integrantes das demais torcidas organizadas, agradecemos pelo apoio e engajamento que sempre emprestaram às campanhas de conscientização realizadas pelo Clube, especialmente no jogo do último domingo.
koff grêmio arena (Foto: Diego Guichard/GloboEsporte.com)Koff ficou inconformado com cânticos da torcida
(Foto: Diego Guichard/GloboEsporte.com)
Repúdio de Koff

Após a última partida do Grêmio, disputada neste domingo, diante do Bahia, na Arena, o presidente do clube, Fábio Koff, adotou um tom forte diante dos cânticos entoados por parte da torcida, chamando os colorados de "macacos" (assista ao vídeo).

Em entrevista coletiva na Arena, Koff afirmou que a atitude oriunda do setor da Geral do Grêmio justamente no jogo seguinte às injúrias de Aranha pode ser vista como "proposital". Na quarta, o clube será julgado no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e pode ser excluído da Copa do Brasil.

- Eu tenho a lamentar de novo os cânticos racistas que não cabem dentro do estádio. Não há como o Grêmio admitir isso como instituição. Nós temos que enfrentar o problema e com muito rigor, pois estamos sofrendo consequências... Estamos a dois dias de um julgamento que pode excluir o Grêmio de uma competição, e parece que propositalmente querem prejudicar o Grêmio. Que torcedor é esse que vai ao estádio para prejudicar o seu clube? - avaliou.

Polícia tenta intimar torcedora
torcedora gremio racismo aranha (Foto: Reprodução/ESPN)Torcedora chamou Aranha de "macaco" na quinta (Foto: Reprodução/ESPN)
A Polícia Civil pretende ouvir até o fim desta semana a jovem Patrícia Moreira, flagrada ao gritar "macaco" para o goleiro Aranha, do Santos, na partida contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, na última quinta-feira. Segundo o delegado Herbert Ferreira, responsável pelas investigações, ela ainda não foi intimada a depor. Além de Patrícia, outros dois torcedores também foram identificados. Eles podem ser indiciados por injúria qualificada, que prevê de um a três anos de prisão.

Inicialmente, a polícia cogitava ouvir Patrícia ainda nesta segunda-feira. Porém, a intimação para interrogatório ainda não foi oficializada. Segundo o delegado, a tendência é que, nesta segunda, o comunicado aconteça. Mesmo assim, ela pode se apresentar espontaneamente.

No domingo, os policiais receberam um vídeo de mais de uma hora de duração com imagens de câmeras de segurança da Arena do Grêmio, em Porto Alegre, que mostram os possíveis atos relatados pelo jogador. As imagens já começaram a ser analisadas pelo delegado.

Patrícia Moreira foi afastada do trabalho no Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar. Ela era funcionária de uma empresa terceirizada e prestava serviços de auxiliar de odontologia na clínica da polícia militar gaúcha. As imagens da torcedora ofendendo o goleiro santista começaram a circular pelas redes sociais logo após a partida.
Jogo de volta suspenso
As injúrias raciais proferidas por torcedores gremistas contra o goleiro Aranha tiveram mais um desdobramento. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) acatou pedido da Procuradoria de Justiça Desportiva e suspendeu o jogo de volta entre as duas equipes, na próxima quarta-feira, até que o caso seja julgado. No primeiro duelo das oitavas da Copa do Brasil, os paulistas bateram os gaúchos por 2 a 0.

O julgamento ocorrerá na próxima quarta-feira. O Grêmio responderá por ato de discriminação racial por parte de torcedores, além do arremesso de papel higiênico no gramado e atraso. O clube corre risco de exclusão na Copa do Brasil e multa de até R$ 200 mil. A denúncia se apoia no artigo 243-G (discriminação racial) e no 213 (arremesso de objeto em campo), ambos do CBJD. O clube responde ainda ao artigo 191 por descumprir o regulamento e entrar em campo três minutos após o horário previsto.es estão proibidos de utilizarem marca da torcida em partidas do clube

Por Porto Alegre
O caso de injúrias raciais envolvendo o goleiro Aranha, na partida entre Grêmio e Santos, na última semana, além dos cânticos fazendo referência à palavra “macaco” oriundos das arquibancadas, na partida deste domingo, diante do Bahia, fizeram com que o clube gaúcho tomasse medidas severas nesta segunda-feira. Em nota oficial, a diretoria comunicou a suspensão da torcida Geral por “tempo indeterminado”. 
Os torcedores da organizada também estão proibidos de utilizar a marca da torcida nas partidas do clube.  A ideia do Conselho de Administração é identificar todos os torcedores e sócios envolvidos no caso. 
Assessor especial da presidência para assuntos de torcida, Lauro Noguez, explicou que os torcedores poderão continuar a frequentar o estádio, desde que não utilizem a marca da torcida.  O representante do clube lamentou cânticos de torcedores localizados na arquibancada norte do estádio. O fato ocorreu durante a partida deste domingo, vencida pelo Grêmio por 1 a 0, quando parte da torcida localizada na arquibancada norte soltou o cântico "Olha a festa, macaco", uma música já tradicional da torcida organizada Geral do Grêmio (assista ao lado).

- Não era o momento de fazer aquilo. A gente sabe que não era jogo contra o Inter, mas macaco, universalmente, se refere à ofensa à raça negra. Como que eles vão cantar justamente ás vésperas do julgamento na quarta-feira? Eles estão suspensos até segunda ordem até que se apure, se identifique pessoas gritando e cantando - explica, ao GloboEsporte.com. 
Torcedores do Grêmio na partida contra o Bahia (Foto: Diego Guichard)Torcedores do Grêmio na partida contra o Bahia (Foto: Diego Guichard)
Segundo Lauro Noguez, o Conselho de Administração recebeu os cânticos da torcida como “provocativos” à atual direção.

- É uma provocação. Com que finalidade eu não sei. Desde que o doutor Fábio Koff assumiu, o Grêmio parou de dar ingresso, dinheiro ou subsidiar ônibus.  Deve ser algum dos motivos da manifestação. Por isso que estão inconformados, ainda mais em época de eleição - opina Noguez.
Confira a nota oficial 
1) Suspender por tempo indeterminado qualquer atividade da torcida organizada denominada Geral do Grêmio;

2) Proibir, por parte da referida torcida, a utilização das marcas de propriedade intelectual do Clube;

3) Identificar possíveis sócios envolvidos no episódio para ultimar medidas administrativas visando a seu desligamento da atividade associativa e da frequência ao estádio, se for o caso;

4) O Clube, diante dos últimos fatos ocorridos em relação ao campo de jogo, estudará, em conjunto com a Arena, formas de evitar que novos incidentes acarretem em multas, perda de mandos de campo e prejuízos à imagem do clube e de sua ordeira torcida.

Aos torcedores, jogadores e funcionários do Grêmio e integrantes das demais torcidas organizadas, agradecemos pelo apoio e engajamento que sempre emprestaram às campanhas de conscientização realizadas pelo Clube, especialmente no jogo do último domingo.
koff grêmio arena (Foto: Diego Guichard/GloboEsporte.com)Koff ficou inconformado com cânticos da torcida
(Foto: Diego Guichard/GloboEsporte.com)
Repúdio de Koff

Após a última partida do Grêmio, disputada neste domingo, diante do Bahia, na Arena, o presidente do clube, Fábio Koff, adotou um tom forte diante dos cânticos entoados por parte da torcida, chamando os colorados de "macacos" (assista ao vídeo).

Em entrevista coletiva na Arena, Koff afirmou que a atitude oriunda do setor da Geral do Grêmio justamente no jogo seguinte às injúrias de Aranha pode ser vista como "proposital". Na quarta, o clube será julgado no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e pode ser excluído da Copa do Brasil.

- Eu tenho a lamentar de novo os cânticos racistas que não cabem dentro do estádio. Não há como o Grêmio admitir isso como instituição. Nós temos que enfrentar o problema e com muito rigor, pois estamos sofrendo consequências... Estamos a dois dias de um julgamento que pode excluir o Grêmio de uma competição, e parece que propositalmente querem prejudicar o Grêmio. Que torcedor é esse que vai ao estádio para prejudicar o seu clube? - avaliou.

Polícia tenta intimar torcedora
torcedora gremio racismo aranha (Foto: Reprodução/ESPN)Torcedora chamou Aranha de "macaco" na quinta (Foto: Reprodução/ESPN)
A Polícia Civil pretende ouvir até o fim desta semana a jovem Patrícia Moreira, flagrada ao gritar "macaco" para o goleiro Aranha, do Santos, na partida contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, na última quinta-feira. Segundo o delegado Herbert Ferreira, responsável pelas investigações, ela ainda não foi intimada a depor. Além de Patrícia, outros dois torcedores também foram identificados. Eles podem ser indiciados por injúria qualificada, que prevê de um a três anos de prisão.

Inicialmente, a polícia cogitava ouvir Patrícia ainda nesta segunda-feira. Porém, a intimação para interrogatório ainda não foi oficializada. Segundo o delegado, a tendência é que, nesta segunda, o comunicado aconteça. Mesmo assim, ela pode se apresentar espontaneamente.

No domingo, os policiais receberam um vídeo de mais de uma hora de duração com imagens de câmeras de segurança da Arena do Grêmio, em Porto Alegre, que mostram os possíveis atos relatados pelo jogador. As imagens já começaram a ser analisadas pelo delegado.

Patrícia Moreira foi afastada do trabalho no Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar. Ela era funcionária de uma empresa terceirizada e prestava serviços de auxiliar de odontologia na clínica da polícia militar gaúcha. As imagens da torcedora ofendendo o goleiro santista começaram a circular pelas redes sociais logo após a partida.
Jogo de volta suspenso
As injúrias raciais proferidas por torcedores gremistas contra o goleiro Aranha tiveram mais um desdobramento. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) acatou pedido da Procuradoria de Justiça Desportiva e suspendeu o jogo de volta entre as duas equipes, na próxima quarta-feira, até que o caso seja julgado. No primeiro duelo das oitavas da Copa do Brasil, os paulistas bateram os gaúchos por 2 a 0.

O julgamento ocorrerá na próxima quarta-feira. O Grêmio responderá por ato de discriminação racial por parte de torcedores, além do arremesso de papel higiênico no gramado e atraso. O clube corre risco de exclusão na Copa do Brasil e multa de até R$ 200 mil. A denúncia se apoia no artigo 243-G (discriminação racial) e no 213 (arremesso de objeto em campo), ambos do CBJD. O clube responde ainda ao artigo 191 por descumprir o regulamento e entrar em campo três minutos após o horário previsto.

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