A obra Chico Mendes Um povo da floresta, contém a revisão de Fernanda Perestrelho, editoração eletrônica de Dilmo Milheiros, tem 104 páginas, diversas imagens e 14x21 cm. Esta dividida em: Prefácio, oito subtítulos (Uma chamada a cobrar; Marcado para morrer; O começo; A cabeça da cobra; A união da fé com a vida; Mata Atlântica e Amazônia, Adeus Mogno Substitui Ciclo do ouro; Chico Mendes defesa da vida),e Epilogo. Este livro, que tem apresentação de Fernando Gabeira, mais que uma grande homenagem a Chico é uma história de sua vida, suas ideias e suas lutas.
Uma chamada a cobrar retrata certamente da primeira noticia da morte do assassinato do seringueiro Chico Mendes, num diálogo ente Rio e Rio Branco, capital do Acre. A ligação a cobrar foi feita por Élson Martins, avisando a Edilson no Sul, que tinham assassinado o Chico dentro de sua própria casa. Nesta ocasião Élson pergunta da entrevista feita com Chico Mendes a treze dias a trás, então o autor relembra do momento da entrevista ocorrida no velho restaurante Lamas ,no Rio, pouco antes do assassinato de Chico: não só teve que pagar o jantar ,seu amigo seringueiro vivia sem recursos, também constatou, que naquele exato momento naquele local que as pessoas nem imaginavam quem era Chico Mendes, aquele homem famoso, por sua luta em todo o planeta, premiado pela ONU, ouvido no congresso americano, era simplesmente ignorado no Brasil.
Portanto o livro é com base em entrevistas feita com o líder seringueiro Chico Mendes, uma no dia 09 de dezembro de 1988, treze dias antes do assassinato do líder seringueiro, na qual só foi publicada pelo o jornal do Brasil no dia 24 de dezembro, dois dias depois da morte de Chico, tal entrevista, injuriou o país e escandalizou o mundo.
Nesta entrevista Chico Mendes conta que esta marcada pra morrer, na qual recebe ameaças de dois fazendeiros de Xapuri, os proprietários da fazenda Paraná, Darly Alves e Alvarinho Alves. São irmãos. Faz denuncias graves, a respeito, desses fazendeiros, inclusive sobre a emboscada que matou Ivair Higino no dia 18 de junho, e em seguida já no mês de agosto José Ribeiro também foi assassinado por pistoleiros.
Perguntado sobre o que é o empate, Chico responde da seguinte maneira: É uma forma de luta que nós encontramos para impedir o desmatamento. É uma forma pacífica de resistência. No início, não soubemos agir. Começavam os desmatamentos e nós, ingenuamente, íamos à justiça, ao Instituto Brasileiro de desenvolvimento Florestal e aos Jornais denunciar. Não adiantava anda. No empate a comunidade se organizava em mutirão, sob a liderança do sindicato, e se dirige á área que será desmatada pelos pecuaristas. A gente se coloca diante dos peões e jagunços com as nossas famílias, mulheres, crianças e velhos e pedimos para eles não desmatarem e se retirarem do local. Eles, como trabalhadores, a gente explica, também estão com o futuro ameaçado. E esse discurso emocionado sempre gera resultados. Até porque quem desmata é peão simples, indefeso e inconsciente.
Em 1988, meses antes de sua morte, o governo federal, por meio do Ministério da Reforma Agrária, instalou a primeira reserva extrativista na Amazônia, cuja responsabilidade de organização ficou a cargo do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri.
O autor cita algumas características do seringueiro Chico Mendes, tinha a fala mansa, simples até não poder mais, capaz de conversar com as mais diferentes correntes. Diz que o assassinato de Chico Mendes foi uma ampla articulação envolvendo poderosos segmentos da sociedade Amazônica. A família Alves, Darly, Alvarino, Darcy, Olossi e seus asseclas, nada mais são do que o rabo da cobra. A cabeça da cobra, conforme lembram os seringueiros, continuam intactos, escondida e muito bem protegida.
Nasce o sindicato, a criação do sindicato dos trabalhadores rurais de Brasiléia, no Acre na segunda metade da década de 70, nada mais que resultado de uma luta que já dura um século. Chico Mendes presidiu o sindicato em Xapuri, mas o movimento tem suas raízes na residência dos seringueiros para não permitir que a selva amazônica seja queimada, e ,transformada em pasto para a implantação das grandes fazendas.
O livro contem outra entrevista com Chico que foi realizada pelos os integrantes da secretaria de meio ambiente da CUT durante o 3º congresso da entidade, em 9 de setembro de 1988.Sua reprodução neste livro foi gentilmente autorizada pela CUT do Acre. Nesta entrevista ele fala da vinda dos fazendeiros sulista que vinheram implantar a pecuária na região Amazônica inclusive no Acre. Naquele momento todos vivia nas matas, ninguém tinham consciência de luta. Os filhos dos seringueiros não tinham direito de ir na escola se não iam aprender a ler a fazer contas, e iam descobri que estavam sendo roubados. Porque na verdade quando os nordestinos chagavam a Amazônia, não tinha mais como voltar. Estava preso pelo rio, caminhavam horas na mata, havia índios que resistiam e que matavam, além da malária e de outras doenças. Os que conseguiam sobreviver ,quando conseguiam um saldo que concretizaria o seu sonho de voltar a terra natal, não eram reembolsados.
Então lendo o esta obra conclui-se que se trata de uma forma, de divulgar, a luta dos povos da floretas em manter suas áreas ,em manter a floreta viva e o reconhecimento que a morte de Chico mendes veio trazer para o mesmo, onde ficou tido como um herói em defesa do ,meio ambiente ,e que na verdade, ele lutava para ter o direito de permanecer em suas terras, com seus modos de vida ,costumes, ao tempo que estavam sendo expulsos para da vez a implantação da pecuária. No entanto isso é visível no livro. A ressalva que aqui faço é o cuidado que devemos ter em usar a figura de Chico Mendes, pois o que acontece é uso de um personagem para jogadas politica. Devemos ter o exemplo desse líder seringueiro para reforçamos a consciência de preservar, fazer o uso sustentável dos recursos naturais.
Portanto recomendo a obra aos leitores, principalmente aqueles que lutam e buscam um mundo melhor ,mais saudável, que condenam os desmatamento, que se preocupam com as gerações futuras.
Edilson Martins nasceu num seringal do Acre e, anos depois, seu trabalho de jornalista o levou a conviver com Chico Mendes em Xapuri (onde realizou um vídeo sobre as lutas dos seringueiros, no Rio e em São Paulo. Tornando-se amigo e parceiros. Martins tem diversas publicações como: "Nossos Índios, nossos mortos”, Amazônia, a última fronteira, "nós do Araguaia, Chico Mendes, Um povo da floresta" ,este último falarei mais adiante do que se trata .
Falando ainda de Edilson Martins, trabalha com campanhas políticas há quase 20 anos, mas já ganhou o premio Wladimir Herzog e passou pelo Jornal do Brasil, o Globo, Manchete, Pasquim, Globo repórter, entre outros. No Acre, formatou programas para o governo de Jorge Viana, programas para o horário eleitoral do PT e para Marina Silva. No Espirito Santo trabalhou para o governo petista de Vitor Bauiz.
Flaviana Coimbra, formada em técnico em ecoturismo, acadêmica de História pela Universidade Federal do Acre, estagiária da Biblioteca da Floresta.