Edição do dia 09/07/2010
09/07/2010 23h15 - Atualizado em 09/07/2010 23h24 Crianças da cidade têm aula dentro da floresta em Rio Branco (AC)
Na floresta dentro da Universidade Federal do Acre, elas têm uma aula diferente. Segundo professora, é uma experiência para os alunos conviverem mais intimamente com a mata.
Rio Branco, capital do Acre, é uma cidade cercada de floresta por todos os lados. Não é preciso viajar muito para entrar em um mundo à parte, um mundo de árvores gigantes, animais selvagens e muitas histórias para descobrir.
Íntimo da floresta, Nilson Mendes já foi seringueiro e mostra a importância desse tesouro. “Nós estamos dentro de um seringal. No local, tem também as árvores de onde eles extraem o látex, que até hoje é explorado para a borracha, mas é um autêntico laboratório, ou seja, uma farmácia para eles que vivem aqui e não têm acesso a uma cidade perto para comprar um remédio e fazem a medicação baseados nas folhas, nas raízes e cascas de árvores”, afirma o repórter Francisco José.
“A gente utiliza mais de 200 espécies de alternativas dentro desse potencial florestal, de conhecimentos já de muitas pessoas que conhecem a medicina natural”, aponta o ex-seringueiro.
Nada escapa aos olhos do Nilson. “Isso aqui é uma carapanauba amarela, muito usada para problemas de coluna, para curar hepatite. As pessoas, quando estão com problema de fígado, gostam de utilizar”, explica o ex-seringueiro.
Ele também mostra o carrapicho agulha e a unha de porca. “No meio da floresta, é cheio de coisas que a gente passa por cima e às vezes não dá fé que tem tanto valor”, declara Nilson.
Agora, é a vez das crianças da cidade. Nessa floresta, dentro da Universidade Federal do Acre, elas têm uma aula diferente.
“Vocês estão vendo que essa árvore cresceu segurando em outra palmeira. Ela agarrou na outra palmeira. Sabe por que essa árvore é importante para nós? Porque tem um ponto turístico da nossa cidade que é chamado calçadão da gameleira. Gameleira é essa árvore que está abraçando na outra”, explica o professor Pedro Ferraz. “Ela vai crescendo e vai matar a outra, porque ela está abraçando a outra e está sufocando”.
“É uma aula de educação ambiental, onde as crianças da nossa cidade podem ter experiência de conviver mais intimamente com a floresta. Essa é a maior dentro da área urbana de Rio Branco”, aponta a professora universitária Andrea Alexandre.
Na realidade, não é uma área cercada. É uma área natural, uma amostra do que existe ao longo do estado.
Grande também é a escola. Tem 100 hectares de mata nativa. “Aqui eles aprendem a interação da natureza, a respeitar a natureza, fazer silêncio para observar, para acompanhar. Como eles estão fazendo uma pesquisa sobre meio ambiente, eles estão observando o ambiente ao redor deles e discutindo a interação do meio ambiente com a natureza”, diz o professor Pedro Ferraz.
As novas descobertas atiçam e despertam a curiosidade das crianças. Se a ideia é ensinar e preservar a natureza, quando o assunto é reciclagem, os alunos têm um espanto ao saber que
uma garrafa de plástico demora quase 100 anos para se decompor.
uma garrafa de plástico demora quase 100 anos para se decompor.
Eles também aprendem como preservar a castanheira que é uma árvore típica da região e que também é uma árvore que proporciona renda para as pessoas que vivem dela.
“Eu gostei mais de uma árvore que tem muitos buraquinhos que tem muitas formigas e, ao redor dessa árvore, não nasce mais nenhuma planta, porque as formigas protegem essa árvore, para não nascer nenhuma. E essas formigas são muito mais venenosas do que as formigas de fogo”, diz Alícia, de 10 anos. “Eu gostei da história da gameleira, porque é muito interessante”, afirma outra menina.
Histórias que começam assim, certamente, terão um final feliz. “Pensando nisso, a gente precisa mesmo é educar. A educação ainda é a saída”, declara o professor Pedro Ferraz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário