Qui, 01 de Julho de 2010 14:12
Memórias da História Acreana
Por Brenna Amâncio
A Biblioteca da Floresta está realizando o Projeto Memórias dos Movimentos Socioambientais do Acre, com o objetivo de obter novas fontes que tragam informações ou relatem suas experiências ao longo da história do Acre. Não se conformando com os livros e documentos oficiais, há a preocupação de também ouvir outras narrações, de pessoas com pontos de vista diferentes, porém tão verídicos quanto quaisquer outros.
Na bagagem deste projeto, a Biblioteca adota o curso Memória, História e Oralidade, buscando qualidade no trabalho de registrar as várias histórias acreanas. Desta forma, a equipe que atua no projeto está sendo preparada para lidar com estas novas fontes, reconhecendo seu compromisso e responsabilidade.
O curso está formando também representantes de entidades parceiras da Biblioteca e também ligadas às questões de História e Memória. São elas: o Departamento de Patrimônio Histórico, Museu da Borracha, Palácio Rio Branco, Secretaria de Educação, Núcleo de Educação Escolar Indígena, Confraria da Revolução Acreana, Palácio Rio Branco, Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA) e Universidade Federal do Acre (UFAC).
Quem ministra o curso é Cezar Karpinski, doutorando em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Ele tem realizado com a turma reflexões acerca da lembrança, memória e troca de saberes e poderes entre segmentos sociais envolvidos com as histórias e as realidades do povo acreano. Essa preparação foi pensada como uma maneira de dar apoio teórico-metodológico dentro das pesquisas feitas pela instituição.
O curso traz também reflexões acerca da idéia de verdade. Há algum tempo só era considerado fato verídico o que estivesse descrito em forma de documento carimbado e assinado pelo governo ou instituição oficial. No entanto, essa visão já tem mudado, e o que antes não passava de contos dos velhos seringueiros e bravos heróis da floresta acreana, agora faz parte da memória do Estado e deve ser vista com tal valor.
Com duração de 120 horas de aulas, o curso é dividido em partes teóricas, expositivas e práticas. Acompanhados por Karpinski, os técnicos da Biblioteca e demais participantes fazem entrevistas com os povos da floresta, ampliando o acervo do Projeto Memória dos Movimentos Socioambientais do Acre e registrando a memória dos participantes desses episódios do estado.
Muitas das mais significativas histórias dos movimentos socioambientais estão guardados na memória de pessoas comuns que viveram de perto as transições e mudanças do Estado, além de também estarem guardadas em acervos de organizações não governamentais e sindicatos, em arquivos de pesquisadores e jornalistas. Isso deve ser trazido e exposto a toda sociedade.
Em combinação com o projeto foram selecionados e digitalizados documentos, fotos, filmes e áudios referentes aos seguintes temas: Chico Mendes, Projetos Seringueiro e Criação de Reservas Extrativistas dos arquivos do Centro dos Trabalhadores da Amazônia - CTA, Instituto de Estudos Amazônicos - IEA, TV Aldeia, jornalista Elson Martins e antropóloga Mary Allegretti. Depois de sistematizado, o material será incorporado ao acervo da Biblioteca da Floresta e estará disponível para consulta.
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