sexta-feira, 23 de abril de 2010

GLOBO REPORTER NO ACRE 23/04/2010

Um Brasil que está para ser descoberto. As águas barrentas vão nos levar a um país de desamparados. No meio do caminho da nossa reportagem, tem um rio cheio de mistérios e um navio carregado de esperança. Vamos a bordo dessa aventura, que começa no Acre.







Somos recebidos pelo comandante Gleiber Banus, que conduz a tripulação do "Doutor Montenegro". O navio é um pronto-socorro da Marinha que tem plantão 24 horas, a serviço dos brasileiros que vivem isolados na Floresta Amazônica.






O comandante avisa que o acesso pode ser feito pelo rio ou pela via aérea. O rio é a estrada na região amazônica, mas é uma estrada cheia de curvas. E o Rio Juruá é considerado o mais sinuoso do Brasil. O Juruá se contorce na imensidão verde.






O ponto de partida é o porto de Cruzeiro do Sul, e o nosso destino é Marechal Taumaturgo, a cidade brasileira mais perto da fronteira com o Peru.






Para percorrer uma distância que seria de poucos quilômetros em linha reta, a gente leva muito tempo. E em busca do tempo perdido, aproveitamos todos os instantes desta missão heróica.






É um trabalho que mistura aventura, dedicação, solidariedade, paciência, descobrimento, e muita realização. Mas quem são eles? Os médicos Guilherme Yamashita, de Londrina, Paraná, de apenas 23 anos. Renata Borgo do interior de São Paulo, de Jaú, e Daniel Brandtinieris de Sorocaba têm 25 anos. Tem também Fernando Nóbrega da Universidade de São Paulo. E Flávia Marinho, de São Paulo, a pediatra do grupo.






Entre os dentistas, Fernando Alexandria é o mais experiente. De 33 anos, ele veio do Rio de Janeiro, assim como Danielle Dalmásio, de 29 anos. Camila Ishikawa é de São Paulo e tem 27 anos. Andrew Wschnsky, de 29 anos, é de Santa Catarina.






Priscyla Gouveia, maranhense de 27 anos, é a responsável pela farmácia. O enfermeiro é o sargento Magnus Vinicius da Silva, um nordestino do Rio Grande do Norte.






Levar estes profissionais da saúde com segurança aonde a população mais precisa é a missão este ano do comandante Gleiber Banos, carioca de 38 anos. E a navegação na região é difícil. "Aqui tem muito banco de areia. Tem que saber por onde a gente tem que passar", explica.






O comandante está preocupado com o nível do rio. “O Rio este ano está bem diferente dos anos anteriores: está em raso”, contou. O jeito é torcer para chover mais e as águas subirem. O Rio Juruá continua baixando. Cada vez mais, a gente vê o barranco - sinal de que o rio não está subindo. Isso é preocupante, porque o barco não consegue mesmo navegar, mas a equipe médica da Marinha está indo fazer o atendimento na cidade de Cruzeiro do Sul.






A equipe de socorro está a postos para arregaçar as mangas, porque já tem muita gente ansiosa aguardando os "doutores da esperança".






O repórter André Luiz Azevedo pergunta para a médica Renata Borgo se ela já tinha feito consulta para seis crianças ao mesmo tempo. E ela responde: "Aqui geralmente vem a família toda. São seis ou sete crianças, pai, mãe".






Daniel examina Lilian, que está com uma febre de 39ºC. O enfermeiro Magnus, com toda paciência, prepara a menina, antes da injeção para curar de vez a infecção na garganta. "Você se torna uma pessoa mais humana aqui", diz Daniel.






E é mesmo uma experiência compensadora. Durante o ano inteiro em que ficam servindo na Amazônia, os jovens doutores ganham salário de cerca de R$ 4 mil por mês, longe de casa, perto de um Brasil desconhecido.






Nessa área de vastidões na Amazônia, onde tudo é muito grande, muito difícil, as casas ficam isoladas. Nesta época do ano, que teve pouca chuva, o acesso é difícil.






Nós estamos chegando a uma casa de uma família que vai para o atendimento médico e dentário. Para isso, temos que passar por uma ponte improvisada. O repórter André Luis Azevedo chega ao local e encontra a dona de casa Maria Eunice Brás. "Eu sou mãe de doze filhos! Morreram três, mas já eram grandes. Agora tem sete comigo em casa", revela.






A Dona Maria Eunice conta faz, quando uma criança que tem um problema: "Nós saímos três da madrugada daqui e chegamos 10h30 do dia". Eles saem, em plena madrugada, e enfrentam o caminho difícil que a equipe fez. Sem a equipe do navio, atendimento médico só na cidade de Cruzeiro do Sul.






"Quando está chovendo direto, é quase o dia todo para chegar", afirma a dona de casa. "Se a criança estiver passando mal mesmo ou uma pessoa adulta, ela morre".






É a sina do povo deste Brasil tão distante de tudo. Mas a família da dona de casa Maria Eunice Brás e do aposentado Edilson Maciel da Rocha se vira como pode. O tambaqui já se multiplica com facilidade no criadouro bem em frente de casa. A família se sustenta sem fartura, mas com muita força de vontade.






Maria Eunice conta quais os filhos vão ao médico. As meninas vão com o pai, seu Edilson.






A notícia da chegada da equipe de médicos e dentistas se espalha rapidamente. A divulgação é feita boca a boca e, logo, toda a região fica sabendo.






Edilson e as filhas embarcam no caminhão fretado para buscar as famílias isoladas. "Eu estou sentindo muita câimbra e fraqueza dos nervos", diz o senhor.






Desta vez, foi rápido. O socorro médico está em uma escola da região. O médico Fernando vai atender Edilson e a Lorena. Filha e pai são medicados e saem satisfeitos. "Isso para nós, aqui, é novidade, porque não acontece", revela Edilson.






Os médicos formados nas melhores faculdades enfrentam o desafio que, certamente, não estava nos livros das escolas: a dura realidade brasileira, o drama de passar receita para famílias inteiras em que todos são analfabetos. "O que a gente sente mais falta, nessas comunidades, é educação”, declara Guilherme.






E o médico conta como faz para receitar para um analfabeto: "A gente pode usar desenhos. Um remédio que é para ser tomado duas vezes por dia a gente pode desenhar um sol, e ai você explica para a pessoa que esse sol quer dizer que ela vai tomar o remédio de dia. E uma lua, que mostra para ela tomar à noite".






"O desenho é uma linguagem universal, todo mundo entende", ressalta a médica Renata Borgos.



segunda-feira, 12 de abril de 2010

Frei Paulino Baldassarri,







O seu retorno se deu devido ao convite da Prefeitura de Brasiléia onde recebeu várias homenagens dos mais de 2000 fieis católicos que assistiram a missa que foi celebrada do lado de fora, por não caber dentro da Igreja. Aos 84 anos de vida, mais de 50 foram dedicado ao sacerdócio e aos pobres. 
Frei Paulino Baldassarri, ou simplesmente Padre Paulino (como é mais conhecido), retornou à cidade de Brasiléia onde ajudou fundar a Igreja Nossa Senhora das Dores.  Surpreendentemente incrível ver uma pessoa com quase um século de vida ainda lembrar de pessoas que batizou, casou, entre outras bênçãos, celebrar uma missa com pleno vigor e fé.
A Igreja Nossa Senhora das Dores, foi inaugurada no ano de 1956, motivada por Paulino num mutirão de ajuda popular, muitos já não estão vivos, e outros mesmo com dificuldade foram assistir a missa.

      Paulino, em sua fala, lembrou quando quase caiu da torre (mais de 30 metros) da igreja, para colocar a Cruz que ainda está lá. “Estou muito feliz, isso tudo me motiva na minha caminhada em levar o conforto a quem precisa”, disse.   Os mais antigos que assistiam sua pregação, era visível a emoção com direito à lágrimas. 
Muitos lembravam de suas pregações e do respeito que pouco se vê hoje. “Ele é um homem santo. É incrível ver que está em plena saúde e continua a mesma pessoa de tantos anos atrás”, disse um fiel.     Encenações teatrais sobre sua vida, música especialmente composta para Padre Paulino e homenagem de crianças, foram bem recebidas. Até brincou quando recebeu o Titulo de Honra ao Mérito das mãos da prefeita Leila Galvão que ainda não conhecia pessoalmente, e do vice, Deurimar Campos.    
Além da construção da igreja, Padre Paulino se destaca pela evangelização de ribeirinhos do rio acre, como também o povo boliviano na época. A igreja católica tem um papel de fundamental importância no desenvolvimento do Estado do Acre, em especial, do município de Brasiléia. Por este motivo, foi incluída na programação do centenário.   Após o final da missa e aproveitando a ocasião, foi anunciado aos fieis presentes, a campanha para angariar fundos destinados à reforma da Igreja. Para quem quiser ajudar, basta procurar a administração da Paróquia no centro da cidade. 
fonte:oaltoacre

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